Recebi este texto da Doutora em Educação Jozimeire Stocco. Penso que vale a pena a leitura e reflexão, pois às vezes podemos fazer algum comentário que pode impactar a vida das crianças mesmo que aparentemente possa parecer bobagem.
Como os rótulos e estereótipos podem impactar no
desenvolvimento das crianças
“Como você é preguiçoso!”. “Você é muito chato”. “Deixa de
ser mimado”. “Mas é muito desastrado mesmo”. Frases do dia a dia, ditas muitas
vezes por espontaneidade e no calor do momento, podem causar um impacto sem
tamanho no desenvolvimento da autoestima e da autoconfiança das crianças.
“Cada palavra dita por um adulto a uma criança mostra a ela como são vistas no núcleo familiar e interfere no desenvolvimento da autoestima e da autoconfiança”.
O fato é que cada criança lida de uma maneira com elogios ou
críticas. Enquanto algumas preferem mostrar a todo o momento o quanto são
capazes, outras podem tomar para si o adjetivo utilizado e concretizá-lo: “Se é
isso que pensam de mim, é assim que vou ser”.
Dependendo da forma como um adulto se manifesta, a criança
pode deixar de acreditar nela mesma. “Imagine só o que pode acontecer na
cabecinha de uma criança: se você, que é adulto e que é uma referência para
mim, não acredita no meu potencial, por que eu acreditaria?” Essa pode ser
uma das formas que os pequenos lidam internamente com isso, no sentido de serem
incapazes de superarem suas dificuldades, uma vez que quem está no seu entorno
não acredita ou não mostra que eles realmente possam.
O ideal é substituir esses tipos de
expressões por adjetivos que mostrem para a criança que ela não agiu
adequadamente, mas sem o tom pejorativo, com comparações a animais ou com
adjetivos que podem levá-la a pensar que não está agradando ou que não é
querida ou amada no universo familiar ou social a qual faz parte. “Ao invés de
‘você é chato’ diga apenas ‘você agiu de maneira inadequada, não gostei do que
você fez’. Em vez de ‘você não consegue’, é possível dizer ‘você não conseguiu
dessa vez, mas eu sei o quanto você é competente. Vai dar certo’’.
A partir do momento em que a criança se sente amada e
respeitada no núcleo mais importante que é o núcleo familiar ela pode se
conduzir num contexto social mais amplo de maneira sadia e confiante, e diante
de desafios ou situações que não lhe são favoráveis.
As crianças precisam ser chamadas a atenção para que
percebam quando não acertaram, quando desrespeitaram regras, não cumpriram o
que é combinado ou estabelecido pela família, pela escola ou pelo grupo as
quais participam. Adjetivos que limitam e inferiorizam apenas prejudicam a
criança para que ela tenha uma baixa autoestima. Se há baixa autoestima, a
criança não acredita que ela pode. Se ela não acredita que ela pode, ela não se
desenvolve como poderia.
O mesmo acontece com as rotulações que levam em conta o
gênero. É muito comum meninas serem mais elogiadas pela aparência, com termos
como linda e princesa. Já os meninos, por sua vez, pela força, coragem e
inteligência. “Tanto meninas quanto meninos podem ser lindos, corajosos e
inteligentes. É oportuno repensarmos a maneira como nós, adultos, fazemos
elogios às crianças. O que deve prevalecer é o contexto dos elogios, e o fato
de que estamos formando uma personalidade”.
A autoestima e a autoconfiança são construídas por elogios
reais e verdadeiros. Além de serem combinações de sentimentos como se sentir
amado, se sentir capaz, de saber que é possível enfrentar, sonhar, conquistar. Críticas
devem ser feitas desde que contribuam para o desenvolvimento sadio da
personalidade e do caráter, e, sobretudo, que ela perceba que é amada e
respeitada em sua individualidade. “Precisa haver sempre um equilíbrio entre
limite, disciplina e amor, esse é o segredo. Lembrar, que um dia já fomos
crianças e que somos aquilo que os adultos com os quais nós convivemos fizeram
de nós, pode fazer toda a diferença”.
Sobre a educadora Jozimeire Stocco
Jozimeire Stocco é diretora geral do Colégio Stocco, um dos
mais tradicionais do ABC Paulista, desde 1954. É pós-doutoranda em Educação
pela PUC-SP; doutora e mestra em Educação; especialista em Educação Infantil; e
bacharel em Direito. Integra o Banco de Especialistas em Direito Educacional da
ABRADE (Associação Brasileira de Direito Educacional).
Realmente as palavras podem ter muita influência na vida da criança, nem sempre prestamos atenção nisso. Adorei o tema! Bjs
ResponderExcluirQue bom que gostou.
ExcluirEstejamos atentas!
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ResponderExcluirmetin2 proxy
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İDK