Olá famílias,
Vocês sabiam que Cardiopatia Congênita é a segunda maior causa de morte em crianças de até um ano de idade? A malformação do coração, que pode ser detectada durante o pré-natal, é a responsável por quase 40% dos óbitos por anomalia congênita em bebês com menos de um ano e no Brasil, a doença atinge um em cada 100 recém-nascidos.
De acordo com a Dra. Sandra Pereira,
cardiologista pediátrica da Perinatal, a desinformação é um dos fatores que
colaboram para o crescimento desses dados. “A cardiopatia congênita é um tema
de utilidade pública, que deveria ser discutido com mais frequência, pois possui
um impacto grande na mortalidade infantil”, comenta. A médica explica que são
mais de 40 tipos diferentes, que podem ser considerados mais ou menos graves. O
acompanhamento médico é sempre fundamental, até mesmo nos casos mais comuns,
como o da Comunicação Interventricular, a CIV. “No caso dessa cardiopatia,
muitas vezes é necessária a intervenção cirúrgica. Os sintomas podem ser
notados a partir de 15 dias de vida: cansaço e transpiração nas mamadas,
dificuldade na respiração, baixo ganho de peso, são alguns deles.”
Dentre as mais complexas está a Hipoplasia de Cavidades
Esquerdas, considerada muito grave, com taxa de mortalidade de 100%,
quando não é realizada a cirurgia. Nesse caso, o bebê nasce sem a metade
principal do coração e necessita de intervenção logo após o nascimento. “É um
procedimento que exige muitos cuidados. Chamamos a cirurgia para esse caso de
‘Cirurgia de Norwood’ e demanda uma equipe bem especializada e capacitada”,
explica a médica.
E foi essa a malformação diagnosticada no coração da pequena
Valentina, de cinco anos, quando ainda estava na barriga da Ana Paula, sua mãe.
Durante o ultrassom foi detectada uma anomalia e a gestante foi encaminhada
para o ecocardiograma fetal, exame responsável por apontar o tipo de
cardiopatia desenvolvida. Para Dra. Sandra o diagnóstico intrauterino foi
decisivo para salvar a vida de Valentina “Quando Ana Paula chegou ao hospital,
já havíamos analisado o caso anteriormente ao nascimento. Reconstruímos a parte
mais forte do coração, fazendo desvios através das artérias”, relata. Hoje, a
criança leva uma vida normal, mas com acompanhamentos médicos. Para a Ana
Paula, o pré-natal foi uma etapa muito importante durante toda essa jornada.
“Foi fundamental o diagnóstico antes do nascimento. Ela é uma espoleta. É até
mais agitada que as outras crianças”, comemora.
Tipos de malformação:
Com tantas especificidades e tipos de malformação, o
cardiologista pediátrico irá verificar em qual caso o bebê se enquadra,
indicando o que será feito. Cada bebê deve ser avaliado individualmente,
geralmente são realizados procedimentos específicos para cada tipo, mas isso
não é uma regra.
Teste do Coraçãozinho:
Em 2014, a Sociedade Brasileira de Pediatria instituiu a
obrigatoriedade do Teste do Coraçãozinho em todos os hospitais do país. O
procedimento é realizado após o nascimento com o auxílio de um aparelho chamado
oximetro, responsável por medir a oxigenação do bebê. O medidor de oxigênio no
sangue é colocado no dedinho da mão direita, e em um dos pezinhos do
recém-nascido, de forma não invasiva. Se a oxigenação estiver abaixo de 95% ou
houver diferença entre a mão e o pé, o teste deve ser repetido. Caso a segunda
tentativa aponte o mesmo resultado, a criança permanece na maternidade para
investigação. Como muitas vezes a cardiopatia não apresenta sintomas nos
primeiros dias de vida, esse teste se tornou muito importante para fazer a
triagem nos recém-nascidos suspeitos.
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